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Os árabes antes do Islam e em seu início não tinham um conhecimento considerável dos assuntos do mar
Os árabes antes do Islam e em seu início não tinham um conhecimento considerável dos assuntos do mar, porque eram beduínos e seus comércios se resumiam aos caminhos terrestres do deserto. Al-`Ala' ibn al-Hadramy (que Allah esteja satisfeito com ele), governador de al-Bahrain, é considerado o primeiro a embarcar na rota do mar durante o califado de Umar ibn al-Khattab (que Allah esteja satisfeito com ele) . Al-`Ala' ibn al-Hadramy (que Allah esteja satisfeito com ele) queria realizar uma missão contra os persas para fortalecer o Islam. Ele chamou o povo de al-Bahrain em 17 dH para conquistar a Pérsia, e eles responderam-lhe. Ele levou-os em navios sem a permissão do Umar (que Allah esteja satisfeito com ele), e atravessou o Golfo Pérsico. O exército, em seguida, retornou a Basra, carregado de despojos, depois de terem perdido seus navios nos quais eles atravessaram o golfo. Umar (que Allah esteja satisfeito com ele), que odiava tomar a rota do mar, não tolerou esta atitude e demitiu al-`Ala' (que Allah esteja satisfeito com ele)[1].
Após a expansão das conquistas islâmicas, a conquista da Síria e do Egito, os muçulmanos queriam acompanhar os romanos no lançamento de expedições através do mar, protegendo suas costas e os países que conquistaram, e repelindo o risco romano. A este respeito, Mu`awiyah ibn Abu Sufyan (que Allah esteja satisfeito com ele) escreveu de Homs para Umar ibn al-Khattab (que Allah esteja satisfeito com ele), pedindo a sua permissão para combater os romanos através do mar, mas Umar recusou-se. Mu`awiyah (que Allah esteja satisfeito com ele) insistiu e enviou a Umar um mensageiro que disse ao califa O povo de uma aldeia de Homs pode ouvir os seus (ou seja, os bizantinos) cachorros latindo e os seus galos cantando. Ele quis dizer que eles estavam perto deles. Isso influenciou Umar (que Allah esteja satisfeito com ele), que escreveu para `Amr Ibn al-`Aas (que Allah esteja satisfeito com ele) pedindo-lhe que descrevesse o mar e os marinheiros. Em resposta `Amr (que Allah esteja satisfeito com ele) escreveu Vi uma grande estrutura navegada por pequenas criaturas - nada mais além do céu e da água. Se ancora, ele atinge os corações e, se ele se move, faz a mente se perder... a convicção aumenta na redução de salvação e no aumento da dúvida. Eles (passageiros ou marinheiros) estão nele como os vermes em uma vara; se inclina afundam e se ele sobrevive se surpreendem[2]. Umar (que Allah esteja satisfeito com ele) escreveu para Mu´awiyah (que Allah esteja satisfeito com ele) Juro por Aquele que enviou Muhammad com a verdade, eu nunca vou enviar um muçulmano nele (no mar)... Por Deus, um muçulmano é mais caro para mim do que tudo que os romanos podem ter. Cuidado para não apresentar para mim sendo que já sugeri para ti, e você sabe o que al-`Ala' encontrou de mim (de repúdio), embora eu nunca tenha lhe sugerido algo nesse assunto.[3]
Portanto, os muçulmanos não tiveram uma força naval até a época de Umar ibn al-Khattab (que Allah esteja satisfeito com ele), que seguiu uma política de defesa, em face da ameaça bizantina, representada no estabelecimento de fortes e na criação de guarnições nas costas e portos.
Quando Uthman ibn 'Affan (que Allah esteja satisfeito com ele) assumiu o califado Mu`awiyah (que Allah esteja satisfeito com ele) manteve incentivando-o (para se ter uma marinha), até que Uthman (que Allah esteja satisfeito com ele), finalmente, decidiu formar uma frota. Uthman (que Allah esteja satisfeito com ele) disse Não eleja as pessoas e sorteie entre eles, mas sim, deixe-os escolher voluntariamente. Quem dentre eles escolhe ir (nessa expedição naval) de bom grado, transporte-o e ajude-o. Mu`awiyah, então, fez.[4]
Quando a situação dos muçulmanos se estabeleceu sua autoridade prevaleceu e várias grupos se submeteram a eles, cada artesão aproximou-se deles com sua habilidade, então eles tiveram um grande número de marinheiros em suas necessidades de transporte marítimo, e ganharam experiência e habilidade na cultura do mar. Eles trouxeram especialistas neste campo, lançaram o jihad pelo mar, construiram navios de guerra, encheram frotas com homens e armas, e atribuíram a tarefa de dirigi-las aos soldados e combatentes, escolhendo de seus reinados aqueles que estavam mais próximos do mar e em seu litoral, como a Síria, África, Marrocos e Andaluzia[5].
A história lembra com todo orgulho e reverência as primeiras batalhas navais dos muçulmanos, como a expedição de Chipre, a batalha de Zhat al-Sawary (34 dH654 dC), que mudou o curso da história marítima e decidiu a supremacia marítima na bacia do Mediterrâneo em favor dos muçulmanos. Após a batalha de Zhat al-Sawary, os muçulmanos se destacaram como uma força influente no mundo marítimo. O Mar Mediterrâneo, conhecido na cultura árabe como Bahr al-Rum (Mar dos Romanos Mar Bizantino), se transformou em um mar islâmico, e a frota naval islâmicos se fortaleceu seu controle com a conquista da Andaluzia. Assim, os navios muçulmanos conseguiram passar com segurança entre as costas da Síria e do Egito a oeste, e até a Andaluzia, a leste.
A Construção naval
Uma vez que os muçulmanos perceberam o valor e o significado da força naval, especialmente após a grande vitória alcançada na batalha de Zhat al-Sawary, eles começaram a criar muitas instalações de construção naval militar. Pela primeira vez, um estaleiro naval foi criado na Ilha de al-Rawdah, no Egito (54 dH674 dC), denomino Dar al-Sina ah (Casa da Indústria)[6]. Outras duas unidades de construção foram erguidas na região de Síria, em ´Akka e Sur e, em seguida, na África e na Andaluzia, sendo que a frota andaluz atingiu cerca de duas centenas de navios de guerra durante o reinado de Abdul-Rahman al-Nasser, e a frota africana também estava próxima a este número[7].
Além disso, os muçulmanos estabeleceram uma frota mercante ao lado da militar. O interesse na navegação comercial nos mares do Leste e do Sul aumentou depois que os muçulmanos se firmaram no comércio internacional. Os navios comerciais e militares islâmicos variaram de acordo com a natureza dos mares e oceanos. Os muçulmanos desenvolveram tipos de navios comerciais e militares de diferentes tamanhos, funções e velocidade, com os nomes Shunah (o maior tipo de tais navios que levavam soldados e armamento pesado), Harraqah (um navio de guerra), Batsah, Ghurab, Shalandiyah, Hammalah e Taridah (um navio pequeno e rápido). Quanto às armas, por exemplo al Kullab (um dispositivo de ancoragem) que foi utilizada pelos muçulmanos na Batalha Zhat al-Sawary para manter contato com os navios dos bizantinos; Naffatah, que é uma mistura de líquidos incendiários disparados de um cilindro na frente do navio, conhecido como o fogo grego, além de armas tradicionais terrestres[8].
Uma prova da inteligência marítima é a existência de livros islâmicos sobre a arte da navegação, dentre os mais famosos al- Fawa'id fi Usul `Ilm al-Bahr wa al-Qawa` id (As Lições de Bases e Regulamentos de Ciência Marítima) por Ibn al-Majid (falecido depois de 904 dH1498 dC) apelidado Asad al-Bahr (O Leão do Mar). Ele também escreveu um poema didático denominado Hawiyat al- Ikhtisar fi Usul `Ilm Al-Bihar[9] (Breve resumo do Regulamento de Ciência Marítima) e al-Minhaj al-Fakhir fi 'ilm al-Bahr al-Zakhir (a nobre metodologia sobre a Ciência Marítima), além de al-`Umdah al-Muhriyah fi Dabt al-`Ulum al-Bahariyah por Sulayman al-Muhry (falecido por volta de 961 dH 1554 dC), apelidado de Mu allim al-Bahr (o mestre do mar)[10].
O dicionário marítimo também está repleto de termos marítimos islâmicos, que encontrou seu caminho para as línguas européias, como “almirante” (em inglês admiral), cuja origem éأمير البحر “amir al-Bahr” (ou seja emir dos mares); “cabo” (em inglês cable), cuja origem é حبل “Habl”; “recife”, do árabe رصيف “rassif” (cais, doca); e “arsenal” do árabe دار الصناعة “dar al- sina´ah” (ou seja, casa da indústria).
[1] Veja Ibn Kathir Al Bidayah wa Al Nihayah (O Princípio e o Fim), 7 96, 97.
[2] Ibn Khaldun Al Muqaddimah, 2 130.
[3] Al-Tabary Tarikh al Umam wa al Muluk, 3 316.
[4] Idem, 3 317.
[5] Ibn Khaldun Al Muqaddimah, 1 253.
[6] Ver Abu Zaid Shalabi Tarikh al- Hadarah al-Islamiya wa al-Fikr al-Islami (História da Civilização Islâmica e Pensamento Islâmico), p 166.
[7] Ibn Khaldun Al Muqaddimah, 1 253.
[8] Ver Abu Zayd Shalaby p. 169, 170; Isma`il Kamal Anani Dirasat fi Tarikh al-Nuzhum al-Islamiya (Estudos sobre a História dos Sistemas de Administração Islâmica), p 183-187 .
[9] Al-Zirikly al-A’alam, 1 201.
[10] Idem, 3 121.
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