Short Description
O nosso primeiro papel é o retorno sincero, sem dissimulação, à religião em seu conceito integral e abrangente.
Depois desta rápida excursão nas profundezas da história islâmica e entre os caminhos da nossa maravilhosa civilização, devemos observar e interrogar... o que iremos fazer depois deste conhecimento? Qual o nosso papel como muçulmanos preocupados com a nossa nação zelosos em seu presente e futuro?
A primeira etapa deste nosso papel é entender, de maneira prática, que o progresso desta nação e o seu sucesso residem no seguir do Alcorão e da Sunnah. Estas não são palavras sentimentais desprovidas de argumentos, assim como não são palavras de pessoas isoladas que não sabem nada da realidade. Estas são as palavras da inteligência, da lógica, da prova e do argumento... nós lemos nas páginas deste livro sobre a superioridade da civilização islâmica em todos os aspectos da vida, e esta superioridade não foi limitada ao oratório onde se cumprem as orações ou às dimensões da luta do jihad. Nós vemos esta superioridade em todos os assuntos da vida humana, sejam eles de pequeno ou de grande porte. A experiência islâmica teve um sucesso sem precedentes, e nós temos a convicção de que também é sem sucedentes. É um exemplo singular que inovou na crença e pensamento, nas artes e educação, nas ciências e experiências, na moral e valores, nos sistemas e fundações, na paz e nas guerras... e esta experiência distinta se baseou em todas as suas etapas sobre bases claras do Alcorão e da Sunnah.
Então, se desejamos retornar a esta disposição brilhante da vida não temos outra alternativa além da Lei Islâmica, e não há escolha na religião de Allah... [E não é admissível a crente algum nem a crente alguma – quando Allah e Seu Mensageiro decretam uma decisão -, que a escolha seja deles, por sua própria decisão. E quem desobedece a Allah e a Seu Mensageiro, com efeito, se descaminhará com evidente descaminho] (Al Ahzab: 36). E podemos observar que a clara perdição citada no versículo é o oposto da civilização, é a situação de confusão e seu motivo é a desobediência a Allah e ao Seu Mensageiro, ou seja, o abandono do Alcorão e da Sunnah. Este entendimento é confirmado pelo dizer do Mensageiro de Allah (a paz esteja com ele): “Deixei entre vós dois assuntos. Jamais se perderão enquanto estiverem apegados a eles: O Livro de Allah e a minha Sunnah”[1].
Portanto, o nosso primeiro papel é o retorno sincero, sem dissimulação, à religião em seu conceito integral e abrangente. Este retorno garantirá a orientação depois da perdição, a liderança depois da dependência, a civilização depois da barbárie, assim como nos garantirá além da felicidade na vida terrena, a felicidade da Vida Eterna. E meu Senhor declarou a verdade ao dizer: [A quem faz o bem, seja homem ou mulher, enquanto crente, certamente, fá-lo-emos viver vida benigna. E Nós recompensá-los-emos com prêmio melhor que aquilo que faziam] (Al Nahl: 97).
O segundo papel após esta viagem é: nos empenhar o suficiente para conhecer as nossas origens e nossas raízes... não basta para isso um pequeno livreto, nem páginas contadas, nem mesmo um volume ou um capítulo. Nós, simplesmente, precisamos dedicar nossos tempos – ainda mais, nossa vida – para a leitura desta gloriosa história, para o estudo de suas etapas e de todos os seus aspectos. Nós abrimos páginas muito resumidas neste livro, e precisamos mergulhar depois delas no enorme patrimônio que os sábios sinceros e os grandes pensadores deixaram para nós. Precisamos ler os capítulos sobre a família, os direitos, a política, o pensamento, a economia, a justiça, as artes, a estética, entre outros capítulos e partes... precisamos conhecer nossos sábios singulares, nossos antepassados gloriosos, como eram as suas vidas, como entenderam a religião, como governaram a vida com a religião. A história contém tesouros incalculáveis, riquezas intermináveis, e se esta conclusão é correta na descrição de toda história, então no caso da história do Islam é mais correto, mais preciso e mais profundo.
Em seguida, a terceira etapa é transferir esta história com todas as suas riquezas para todos os humanos. O mundo hoje desconhece a nossa história e a nossa civilização, ainda pior, sabem de nós coisas distorcidas e uma história denegrida. Isso, por conseqüência, resulta em apreensão e medo, resulta em zombaria e escárnio, ainda pode levar a guerra e agressão... o ser humano, naturalmente, é inimigo daquilo que desconhece, então por que atraímos a inimizade do mundo por ignorarem a nossa realidade? Até mesmo, se não encontrarmos a inimizade e o ódio deles, será que não somos responsáveis em convidá-los ao Islam e esclarecer o bem que nele existe?
A eterna mensagem islâmica não foi revelada apenas ao povo da Península Árabica. Desde o seu primeiro dia, ela foi revelada para todo o Universo.. Disse Allah (exaltado seja): [E não te enviamos senão como misericórdia para a humanidade] (Al Anbiá: 107). E disse o mensageiro de Allah (a paz esteja com ele): “E cada Profeta era enviado ao seu povo em específico, e foi enviado para os humanos em geral”[2]. Este entendimento requer de nós um movimento inquietante no Universo, para carregar esta religião eterna e esta civilização nobre para os humanos. Também devemos defender a nossa história das suspeitas, extinguir os nossos erros, destacar para a humanidade o que nós oferecemos para ela, esclarecer aos humanos as contribuições que demos em suas vidas. Aí então, todos saberão que a razão deste progresso é esta nobre religião. Aqui há um convite inigualável e uma mudança dos pensamentos dos habitantes da Terra. Observem o que disse Bodlly[3], por exemplo, após estudar a civilização islâmica e conhecer a história do Islam... admirado, ele disse: “Eles (os muçulmanos) eram como a água da chuva que irriga o local onde desce. A era da vida na Europa é crédito dos companheiros de Muhammad (a paz esteja com ele), que carregaram a chama da cultura, quando a Europa estava mergulhada nas trevas da Idade Média”.[4]
Este testemunho é grandioso em diversos aspectos: ele elogia o bem com o qual os muçulmanos se caracterizam, também agradece o trabalho, a cultura e a civilização deles e, além disso, qualifica o movimento dos muçulmanos com a benfeitoria a todos os lugares. Isso, depois deles entenderem o papel do qual foram incumbidos, como uma nação que carrega a última mensagem. Em seguida, ele qualifica o vazio das outras civilizações em comparação à civilização dos muçulmanos, e mais profundo que isso tudo, é a atribuição desta virtude ao mensageiro de Allah (a paz esteja com ele), que ensinou seus companheiros todas estas bases, valores e ciências, e assim, tudo isso se transferiu para os seus filhos e netos.
É um testemunho valioso e maravilhoso... principalmente porque combina com o que foi citado pelo mensageiro de Allah (a paz esteja com ele), que disse: “O exemplo do meu envio....”[5].
Porém... pergunte a si mesmo.... como ele iria dar este testemunho sem estudo nem conhecimento?! E pergunte a si mesmo também: Quantos dos não muçulmanos conheceram o que Bodlly conheceu?!
Não é possível que este testemunho se transforme em testemunhos?!
Não é possível também que testemunhos iguais a este tornem-se chaves para os corações e para as mentes dos não muçulmanos?!
Este entendimento nos encarrega uma grande responsabilidade, que é se movimentar com esta religião em direção a todos os humanos. Nós somos os seguidores do selo dos mensageiros (a paz esteja com todos eles), e fomos encarregados com a responsabilidade da transmissão depois dele: “Pode ser que um transmissor seja mais consciente que um ouvinte”[6]. “Pode ser que um transmissor de um conhecimento o transmita a quem é mais inteligente que ele, e pode ser que um transmissor de um conhecimento não seja conhecedor”[7].
O último ponto que desejo indicar na conclusão deste livro é que devemos agradecer amiúde a Allah por nos ter criado muçulmanos. Nós temos o orgulho e a glória para sempre por Ele nos ter encarregado esta religião e nos ter feito seguidores do mestre dos mensageiros e do melhor de todos os humanos (o profeta Muhammad, a paz esteja com ele). Também nos sentimos orgulhosos por termos esta história iluminada, esta civilização pura, chegou a hora de levantarmos nossas cabeças elevadamente e declararmos a todas as pessoas que – graças a Allah – somos muçulmanos!
Eu me desaponto muito quando vejo alguns jovens muçulmanos se esconde para que não seja reconhecido como muçulmano. Às vezes, tenta imitar os ocidentais ou os orientais, seja em suas vestes, ou seus idiomas e até mesmo em seus entretenimentos e brincadeiras, desejando se arrancar de sua pele e fugir de sua realidade!
Eu me desaponto muito quando vejo esta amarga realidade, e percebo desde o primeiro momento que estes jovens não sabem nada de suas histórias, não leram nenhuma página de sua civilização. Porque se fosse assim, se tivessem conhecido, se tivessem lido, a situação iria se transformar.
Os frustrados não transformam. E os desesperados não reformam...
E não iremos fazer voltar esta civilizaçao de ouro senão com espírito orgulhoso e moral elevada, com poder sem ostentação e com força sem corrupção...
E dentre aquilo que me acrescentou honra e poder
E cheguei a quase pisar nas estrelas
...
Eu estar sob o Teu dizer: “Ó Meus servos”
E Tu ter feito Ahmad para mim um Profeta[8].
Este é o espírito que pode carregar esta mensagem, e esta é a alma digna desta civilização. Não temos dúvida de que o retorno dos muçulmanos à liderança do mundo tornar-se-á uma realidade, e será testemunhado pelos próximos e pelos distantes, porém, tudo o que desejamos é ser participantes na construção deste grande edifício... [E dizem quando será isso? Dize: Quiçá, seja bem próximo] (Al Isrá: 51).
E rogamos a Allah que dê a vitória ao Islam e aos muçulmanos.
[2] Al Bukhari, da narração de Jabir ibn Abdullah: Kitab Al Taiammum (Livro da ablução alternativa) (328). E Muslim: Kitab Al Massajid wa Mauadhi’Al Salat (Livro das mesquitas e locais de oração).
[3] Ronald Bodlly: Orientalista britânico, piloto, se juntou ao exército britânico em 1908. Chegou ao posto de coronel. Serviu na unidade do exército britânico no Iraque, em seguida na Jordânia em 1922. Foi conselheiro do sultanato de Misqat em 1924. Foi o primeiro a atravessar o quadrante vazio e descobrir os seus segredos em 1930 – 1931. Quando terminou o serviço militar foi morar com os árabes do deserto e escreveu muito sobre o deserto e sobre o Oriente. Dentre os seus livros mais famosos: “O mensageiro, a vida de Muhammad”. Ele também foi tradutor para o idioma árabe. Outras de suas obras: Wind in the Sahara, The soundless Sahara.
[4] Ronald Bodlly: O mensageiro, a vida de Muhammad, p 147.
[5] Al Bukhari, da narração de Abu Mussa: Kitab Al Ílm (Livro do Conhecimento) (79). E Muslim: Kitab Al Fadhaíl (Livro das Virtudes) (2282).
[6] Al Bukhari: Kitab Al Hajj (Livro do hajj) (1654).
[7] Abu Daud (3660), Al Tirmizhi (2656) e Ahmad (16784).
[8] Poema em árabe do poeta Muhammad Al Hilali.
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